terça-feira, 17 de maio de 2011

O teatro e o meu cu

Qual é o verdadeiro peru pandemonium?

Este...



Ou este?


TCHANAM! Zé Celso por Chico Porto

* * *

O edredon verdinho que ainda me cobre hoje tinha borboletas brancas, eu acho. Isto há muito tempo.

Digo 'eu acho' porque eu mesma desconfio muito de mim.

E também porque não há o menor sinal da estampa de borboleta sobre a trama agora.

Talvez eu tenha imaginado as borboletas brancas.

Mas por que eu teria imaginado isso?

* * *

Tem aquela história famosa que nós contamos sobre o Zé Celso.

Trata-se de um trecho inesquecível de uma entrevista em que ele explica como descobriu o teatro. Ele aponta para o cocoruto e repete a frase solene:

"Eu descobri o teatro quando eu descobri o meu cu".

Supostamente fui eu que assisti isso, ainda nos tempos de rua Atlântica. Muito tempo mesmo, era pré-YouTube. E contei para a Roberta. E ela contou para a classe inteira. E cada uma das meninas da classe reproduziu aquilo de forma que, hoje, os meus colegas de trabalho conhecem a frase. E não por mim.

Mas, para falar a verdade, eu não me lembro mais da cena.

Para falar a verdade, eu acho que a repetição da história simplesmente ocupou o lugar do acontecimento original.

(Porque, por outro lado, eu acho que seria incapaz de inventar esta cena, embora eu adoraria tê-la inventado).

Que nem as borboletas brancas.