terça-feira, 11 de outubro de 2011

Barato bom é do Erasmo

Ontem apareceu uma barata em casa, andando como se estivesse meio bêbada sobre o tapete branco.

Ela tinha uns 20 centímetros de envergadura. Trinta com as asas abertas.

Eu sou uma mulher de poucos princípios. Um deles é jamais estar na extremidade de um objeto em cuja outra extremidade se encontre uma barata.

Por isso eu não encosto em nada que encoste em uma barata. Eu não mato baratas com vassouras, chinelos ou qualquer outro artefato. Só com inseticida em spray.

Que eu não sabia se tinha em casa, já que nunca tinha aparecido uma barata neste apartamento.

Ela tentou entrar no guarda-roupa do Ricardo. Eu empurrei as portas, suando frio. Pingando, corri até a outra ponta da casa. Acendi a luz do banheirinho, subi no vaso, olhei atrás dos produtos de limpeza, veja não, vanish não, sapólio não, RAID PRETO sim! Ufa.

Corri tudo de volta, cozinha, corredor, sala, hall, será que a barata ainda está lá?, ela pode estar em qualquer lugar, debaixo do tapete, no meio dos lençóis, na gaveta do criado-mudo, roendo os meus diários, que horror, comendo tudo que está escrito, quarto, a barata ainda está lá.

Toma, descarreguei o inseticida.

Agora havia um cadáver de 40 centímetros sobre o tapete branco. Que bom. E mesmo que a barata se desmaterializasse, estava impossível ficar no quarto naquele momento. Muito raid preto.

Então arrastei o tapete para fora do quarto, deixei um bilhetinho para a Lu, fui assistir a "12 Homens e uma Sentença" e só dormi à uma da manhã.

E toda vez que passava pelo corredor, com aquele corpo de meio metro por entre o tapete, lembrava da música do Erasmo:

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Beauty with brains

A dermatologista pegou uma folha de papel sulfite e começou a rabiscar.

"Você pode fazer um preenchimento. Tem também o peeling. E a limpeza de pele, seria bom fazer já..."

A lista seguiu com a indicação de cinco produtos diferentes para o rosto, todos manipulados e com uma rotina de uso tão complicada que levei uma semana para aprender.

Ela estendeu a folha e, ao lado de cada procedimento, os valores iam de 140 a 900 (!) mangos.

Agradeci e disse que ia pensar.

Comprei os produtos e aprendi a usá-los. Pensei em marcar uma limpeza de pele, mas ainda não apareceu tempo.

Peeling e preenchimento, descartei. Se eu fizer tudo isso agora, com 33 anos, aos 50 vou ter que fazer o quê? Arrancar minha cabeça fora e colocar outra?

* * *

Aí outro dia, faz um tempo já, no meio de uma festa no falecido e glorioso bar do Jones, minha atenção foi capturada pelo telão ao fundo da pista. Ele passava cenas do falecido e glorioso programa "Cocktail", do SBT, apresentado pelo falecido e glorioso Miele.

A música silenciou, as pessoas desapareceram, a pista se abriu e de repente só existíamos eu e aquela tela, onde mulheres desfilavam em trajes sumários, agindo de modo estranho e se deslocando por um cenário cafona.

Além disso tudo, e do charme hipnótico do Miele, havia algo mais. Algo que estava prendendo minha atenção desse jeito. Algo que estava aliviando meus olhos. Meu Deus, seria a barba do Miele? Os maiôs com lantejoulas? O display de fruta bizarramente posicionado nas costas delas?

Não, não era nada disso. Depois de oito minutos de um desfile ininterrupto de peitos, notei o que capturara meu olhar: ninguém tinha silicone. E era lindo e muito aliviante ver aquela profusão de formatos, tamanhos e contornos de peitos naturais. Veja você mesmo.